Na área ambiental, tivemos alguns progressos em 2016 como a ratificação
do Acordo do Clima de Paris, mas também alguns retrocessos como o aumento do
desmatamento na Amazônia. Um ano difícil, sem dúvida, em termos políticos,
econômicos, sociais, ambientais, mas sobretudo, na parte ética e moral. Um
ano que certamente não vai deixar muitas saudades...
Contudo, as dificuldades fazem parte do nosso processo evolutivo, do
nosso aprendizado e amadurecimento. Dessa forma, cada um deve fazer sua
própria revolução interna, em busca de uma evolução, não esquecendo que deve
despontar de nós mesmos a grande virada de todo o sistema. A crise que nos
abate não deve nos desanimar, mas ao contrário, propiciar uma oportunidade de
mudança.
Mais do que parte do problema, devemos nos dar
conta de que podemos ser, principalmente, parte da solução através da
construção de diálogos e ideias, de trocas de experiências entre povos,
mostrando que todos somos interdependentes e diferentes, mas não desiguais. É
preciso dar importância ao cultivo de valores relacionados à espiritualidade e
à solidariedade. Importa criar espaços e oportunidades com a finalidade de
elaborar processos de reflexão sobre o verdadeiro papel dos seres humanos na
nossa casa comum – nosso planeta Terra. Esta crise é por si só um convite a uma
visão mais ampla do mundo e das pessoas que estão inseridas nele. Ela deve servir
como uma espécie de “lente”, na proporção em que amplia concepções e questiona
e propõe novos valores.
A juventude alimenta-se de causas e sonhos e
amadurece muito através destas questões. Contudo, nunca, em época alguma da
história da humanidade, tivemos uma legítima causa que abrangesse todas as outras
para lutar. A defesa do planeta e da nossa própria espécie talvez seja a única
capaz de incentivar a mobilização dos seres humanos nessa época tão difícil em
que estamos vivendo, com tantos conflitos e saturação de perspectivas
individuais. Há de se incentivar a solidariedade entre os indivíduos e a fraternidade entre os povos... ser mais colaborativo e não competitivo, repartir mais e não acumular, priorizar a qualidade em detrimento da quantidade, a parceria ao invés da dominação, atuarmos no mundo como cidadãos e não como consumistas procurando ter uma visão mais holística de tudo, entendendo que cada um depende do outro e precisa do outro. Todos nós unidos e principalmente os jovens, com seus corações
cheios de sonhos e ideais, somos capazes de desenvolver uma força interior
muito grande e promover coisas extraordinárias, diante da necessidade do
enfrentamento de graves questões existenciais. Há ainda a esperança de que toda
esta crise faça brotar novas sementes, as de uma nova era, que não nos leve à
extinção, mas sim, à um renascimento.
Que em 2017 possamos nos tornar pessoas melhores, construindo assim um mundo melhor!
Jackie Gaia