domingo, 31 de outubro de 2010



10ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Biodiversidade (COP 10) em Nagoia, no Japão

De 18 a 29 de outubro ocorreu a COP 10, principal conferência dos últimos tempos referente a biodiversidade. Foram duas semanas de muitos impasses e discussão, onde foram estabelecidas algumas metas para 2020:

• Conservação: Pelo menos 17% das terras e 10% dos mares e áreas de costa devem estar sob proteção; deve-se prevenir a extinção ou diminuição dos números das espécies que se sabem ameaçadas e melhorar seu status de conservação; a diversidade genética entre as plantas cultivadas, animais domesticados e seus contrapartes selvagens deve ser mantida.

• Benefícios para todos: Salvaguardar e recuperar ecossistemas, tornando-os mais resistentes ao recuperar ao menos 15% de suas áreas degradadas de forma que possam reter carbono e conter processos de desertificação; assegurar acessos e benefícios justos pelo uso de recursos genéticos.

• Planejamento: Até 2015, todos os países devem adotar uma estratégia nacional para a biodiversidade e um plano de ação; devem promover maneiras de usar os conhecimentos populares indígenas e de comunidades locais relevantes para a proteção da biodiversidade, além de melhorar e aplicar ciências e tecnologias a ele associados; até 2020, o financiamento deve aumentar substancialmente para que estes objetivos sejam alcançados.

(Informações extraídas e resumidas do Jornal O Globo - 30/10/2010)

Um acordo pela biodiversidade do planeta


Representantes de 193 países reunidos no Japão alcançaram ontem um acordo para aumentar a proteção de áreas naturais e, assim, reduzir a perda de espécies no planeta, que viu nos últimos anos o ritmo de extinção de plantas e animais superar em até mil vezes a média histórica. Embora diversos pontos do agora intitulado Protocolo de Nagoia, referência à cidade japonesa que sediou a 10ª Conferência das Partes da Convenção de Biodiversidade da Organização das Nações Unidas, tenham ficado aquém das demandas dos países pobres e em desenvolvimento e grupos de defesa do meio ambiente, o acerto está sendo considerado histórico por alguns.
Isso porque, após quase duas décadas de discussão, o acordo garantiu pela primeira vez a implantação de mecanismos de compensação às nações e populações indígenas que contribuam com seus recursos genéticos e conhecimentos para o desenvolvimento de novos remédios, tratamentos cosméticos e alimentos por grandes empresas multinacionais, uma das principais exigências do grupo liderado pelo Brasil.
- O protocolo é uma verdadeira vitória - comemorou a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira.
- Não é o texto que nós mesmos escreveríamos, mas é um bom compromisso - acrescentou o diplomata Paulino Franco de Carvalho Neto, chefe da delegação brasileira e da Divisão de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores.
O documento só não foi assinado pelos enviados de três dos 193 países presentes: Estados Unidos, Andorra e Vaticano. Um dos maiores temores dos participantes era de que o encontro repetisse o fracasso da conferência sobre mudanças climáticas ocorrida no ano passado em Copenhague.
Proteção para 17% das terras e 10% dos mares
Pelos termos do acordo, os países signatários se comprometeram a, até 2020, colocar sob proteção 17% das terras e mananciais de água e 10% dos mares. Atualmente, 13% da superfície terrestre e menos de 1% das áreas marinhas estão sob algum tipo de proteção, que podem variar de parques nacionais, santuários e reservas a locais de exploração sustentável. Os grupos de defesa do meio ambiente, no entanto, queriam metas mais ambiciosas, de mais de 20% para a conservação de áreas em terra, e destacaram que o objetivo de proteger 10% dos oceanos já estava previsto para ser alcançado este ano.

Outro ponto que gerou polêmica e acabou ficando para ser decidido depois é relativo ao financiamento para que os países pobres e em desenvolvimento alcancem estas metas. O Brasil e nações aliadas queriam que os países ricos investissem US$ 200 bilhões anuais na conservação da biodiversidade, mas os mecanismos para levantar tal soma só serão acertados em novo encontro previsto para 2012, quando o Rio de Janeiro sediará a segunda Cúpula da Terra.- Em um determinado momento, parecia que tudo ia desmoronar, então o acordo é uma boa notícia -ponderou Nathalie Rey, conselheira do Greenpeace. - Mas gostaria de ter visto metas mais ambiciosas, especialmente com relação às áreas protegidas.
- As florestas e outros recursos biológicos que temos estão a serviço dos interesses gerais do meio ambiente global - argumentou Johansen Voker, da Agência de Proteção Ambiental da Libéria.

- Se vocês pensam que para resolver o problema da biodiversidade só recursos públicos serão suficientes, estão sonhando, pois os volumes são enormes - disse. - É preciso ter fundos privados também, e não só voluntários, mas obrigatórios. Se (as empresas) estão obtendo lucro com o uso da biodiversidade, é lógico e legítimo que parte desses lucros retornem à biodiversidade - defendeu.Embora a cifra pareça astronômica - principalmente diante do compromisso já tomado pelos países ricos de angariar US$ 100 bilhões para a luta contra as mudanças climáticas -, ela pode ser alcançada, garantiu Chantal Jouanno, ministra da Ecologia da França. Para isso, no entanto, será necessário contar com a ajuda da iniciativa privada, afirmou. (Jornal O Globo - 30/10/2010)

Walmart - produto terá nota de impacto ambiental


RIO - A partir de 2015, produtos à venda no Walmart Brasil trarão no rótulo uma espécie de nota de sustentabilidade. A ação faz parte de uma estratégia global da rede. O objetivo é informar o tamanho do impacto daquele item no meio ambiente. Para isso, a maior varejista do planeta está à frente de um consórcio, coordenado por uma universidade americana, que reúne acadêmicos, fornecedores, varejistas, entidades e autoridades para desenvolver uma base de dados mundial sobre o ciclo de vida de produtos - da matéria-prima até o descarte. Daí, as informações serão traduzidas em uma graduação simples capaz de mostrar ao consumidor quão verde determinado produto é.
- É um projeto que envolve mais de 30 grandes empresas, como Unilever e Procter&Gamble - citou Yuri Feres, gerente de Sustentabilidade da companhia, sem revelar números do investimento no projeto ou em ações de sustentabilidade.
No passado, rede enfrentou denúncias trabalhistas
Enquanto o índice não fica pronto, o Walmart apela para que os funcionários tenham uma atitude mais sustentável, com pequenas mudanças no âmbito pessoal, como desligar a luz após deixa um cômodo de casa. A rede dá, com isso, um passo para modernizar as relações de trabalho, segundo especialistas, já que, na década passada, a Walmart nos EUA enfrentou várias denúncias de trabalhadores por discriminação sexual e repressão à sindicalização.
Ainda que o varejo seja responsável por apenas 8% de todo o impacto ambiental da cadeia produtiva, o Walmart tem fechado parcerias com fornecedores - grandes ou pequenos - para modificar produtos. Segundo analistas, o novo posicionamento da companhia funciona como fonte de estímulo - ou de pressão - para que a indústria se adapte às novas diretrizes deixando um pouco a retórica ambientalista e partindo para a prática.
Em parceria com a indústria, o Walmart criou o sabão em pedra à base de óleo de cozinha dos próprios consumidores / Divulgação
- Ninguém quer deixar de ser fornecedor do Walmart. Some-se a isso o fato de que sustentabilidade está na pauta do dia. É claro que não existe uma postura radical da companhia, mas há uma sinalização de que, em algum momento, algumas práticas não serão mais aceitáveis - comentou Cláudio Goldberg, especialista em varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Essas parcerias se transformam em produtos que agridem menos o meio ambiente - exclusivos ou não do Walmart. Como a revisão da linha Pinho Sol, da Colgate, que passou a ter embalagem e rótulo à base de material reciclado e usar menos energia na fabricação. No caso do Óleo Liza, a produção reduziu consumo de água, energia, frete e de combustíveis fósseis por meio da troca de parte da matriz energética de petróleo para biomassa de origem controlada.
- Grandes marcas estão aderindo. Conseguimos ainda desenvolver um sabão em pedra com reutilização de óleo de cozinha coletados por clientes, funcionários e parceiros. Passamos a oferecer um produto mais sustentável e com preço 20% menor para o consumidor. Ser sustentável é ser viável economicamente - disse Feres, acrescentando que a companhia aposta na construção de lojas ecoeficientes, com consumo menor de energia (-30%) e água (-40%).
Há algumas semanas, o Walmart Brasil lançou um programa de rastreabilidade que permite aos clientes identificar a procedência de produtos adquiridos na rede. A carne de marca própria é o primeiro item rastreado. Em breve, hortigranjeiros farão parte do processo.
- A ideia é mostrar ao consumidor a origem do produto, que não pode, por exemplo, ser de um fornecedor que faça uso de trabalho escravo - disse o executivo. - Já chegamos a suspender um fornecedor que detinha 70% do mercado porque fazia uso de trabalho escravo.
A redução de impacto ambiental inclui ainda óleo de soja, água mineral, esponja e band-aid / Divulgação
O Walmart não está sozinho na cruzada verde. O Grupo Pão de Açúcar investiu, ano passado, cerca de R$ 60 milhões em iniciativas para a promoção do consumo consciente e da gestão sustentável, além de programas sociais e voltados para a qualidade de vida. Desde 2001, a companhia já arrecadou mais de 38 mil toneladas de materiais recicláveis. Em 2009 foram inauguradas 11 estações de reciclagem. No último ano, foram arrecadadas mais de 7 mil toneladas que foram doadas para cooperativas promovendo a inclusão social e a geração de renda. Em 2010 já são mais de 4 mil toneladas arrecadadas. Também foram coletados mais de 450 mil litros de óleo de cozinha que foram destinados para a produção de biocombustível.
Zona Sul terá em 2011 primeira loja verde
Já o Zona Sul promete para o segundo semestre de 2011 a inauguração na Barra de sua primeira loja verde. A unidade usará materiais certificados, como madeira controlada ou de demolição. O investimento será 30% maior que as unidades tradicionais, no entanto, estima-se uma redução de custos fixos em torno de 20% a 25%. De janeiro a agosto, houve redução média de 40% no volume de lixo gerado. (Jornal O Globo - 15/10/2010)

Europa ajudará Estado do Rio a adotar modelo de gestão e reciclagem do lixo

O Rio de Janeiro caminha para a adoção de um modelo de gestão de resíduos baseado na experiência bem sucedida de mais de 20 anos da Europa. É que durante 0 5º Seminário do ProEurope (Organização Europeia de Recuperação de Embalagens) ocorrido no início de outubro, autoridades europeias expuseram a dirigentes de órgãos ambientais fluminenses o interesse em ajudar o estado na implementação do projeto que engloba empresas de reciclagem de embalagens em 30 países da Europa, mais o Canadá. Graças ao sistema, em 2009 forma recolhidas e recicladas 32 milhões de embalagens, evitando a emissão de 25 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos as empresas precisarão se responsabilizar pelos seus resíduos. A nova legislação introduziu a logística reversa, que determina que empresas recolham embalagens usadas. Na Europa, isso já é feito desde 1994.

A criação da Sociedade Ponto Verde (SPV) de Portugal (entidade sem fins lucrativos), fundada há 14 anos, teve peso decisivo para mudar o panorama: a meta para 2011 é reciclar 55% de embalagens do mercado português, com metas específicas para cada tipo de material.

Enquanto o Rio estuda um modelo, o governo português vai implementar, ainda este ano, uma espécie de bolsa de valores de resíduos. A ideia é criar um mercado de compra e venda entre empresas de insumos que, teoricamente, iriam parar em aterros sanitários. O objetivo é dar visibilidade para que determinados resíduos possam virar matéria-prima, combater o comércio ilícito de resíduos, a evasão fiscal e, sobretudo, pela preocupação ambiental. (Texto adaptado do Jornal O Globo - out/2010)

BNDES vai financiar coleta seletiva no Rio

A Prefeitura do Rio acaba de lançar o programa "Coleta Seletiva com Inclusão Social", com a promessa de que, daqui a três anos, todo carioca poderá separar seu lixo para reciclagem. A iniciativa terá financiamento do BNDES, que fará no Rio o piloto do programa. Depois o governo federal implantará o projeto em outras cidades-sede de jogos da Copa do Mundo de 2014.
Hoje somente trechos de 42 bairros dos 160 existentes na cidade contam com coleta seletiva. Somente de 1 a 2% do lixo é aproveitado para reciclagem. Com o novo programa, 6 galpões serão construídos para abrigar catadores e receber material recolhido, sendo que o primeiro deles será no Centro. Quando toda a capacidade estiver instalada, a prefeitura espera aumentar em até 6% a coleta seletiva. Com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, as cidades terão que universalizar a coleta em quatro anos, sujeita a sanções, caso a lei não seja cumprida. (Texto adaptado do Jornal O Globo - out/2010)