domingo, 31 de outubro de 2010

Walmart - produto terá nota de impacto ambiental


RIO - A partir de 2015, produtos à venda no Walmart Brasil trarão no rótulo uma espécie de nota de sustentabilidade. A ação faz parte de uma estratégia global da rede. O objetivo é informar o tamanho do impacto daquele item no meio ambiente. Para isso, a maior varejista do planeta está à frente de um consórcio, coordenado por uma universidade americana, que reúne acadêmicos, fornecedores, varejistas, entidades e autoridades para desenvolver uma base de dados mundial sobre o ciclo de vida de produtos - da matéria-prima até o descarte. Daí, as informações serão traduzidas em uma graduação simples capaz de mostrar ao consumidor quão verde determinado produto é.
- É um projeto que envolve mais de 30 grandes empresas, como Unilever e Procter&Gamble - citou Yuri Feres, gerente de Sustentabilidade da companhia, sem revelar números do investimento no projeto ou em ações de sustentabilidade.
No passado, rede enfrentou denúncias trabalhistas
Enquanto o índice não fica pronto, o Walmart apela para que os funcionários tenham uma atitude mais sustentável, com pequenas mudanças no âmbito pessoal, como desligar a luz após deixa um cômodo de casa. A rede dá, com isso, um passo para modernizar as relações de trabalho, segundo especialistas, já que, na década passada, a Walmart nos EUA enfrentou várias denúncias de trabalhadores por discriminação sexual e repressão à sindicalização.
Ainda que o varejo seja responsável por apenas 8% de todo o impacto ambiental da cadeia produtiva, o Walmart tem fechado parcerias com fornecedores - grandes ou pequenos - para modificar produtos. Segundo analistas, o novo posicionamento da companhia funciona como fonte de estímulo - ou de pressão - para que a indústria se adapte às novas diretrizes deixando um pouco a retórica ambientalista e partindo para a prática.
Em parceria com a indústria, o Walmart criou o sabão em pedra à base de óleo de cozinha dos próprios consumidores / Divulgação
- Ninguém quer deixar de ser fornecedor do Walmart. Some-se a isso o fato de que sustentabilidade está na pauta do dia. É claro que não existe uma postura radical da companhia, mas há uma sinalização de que, em algum momento, algumas práticas não serão mais aceitáveis - comentou Cláudio Goldberg, especialista em varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Essas parcerias se transformam em produtos que agridem menos o meio ambiente - exclusivos ou não do Walmart. Como a revisão da linha Pinho Sol, da Colgate, que passou a ter embalagem e rótulo à base de material reciclado e usar menos energia na fabricação. No caso do Óleo Liza, a produção reduziu consumo de água, energia, frete e de combustíveis fósseis por meio da troca de parte da matriz energética de petróleo para biomassa de origem controlada.
- Grandes marcas estão aderindo. Conseguimos ainda desenvolver um sabão em pedra com reutilização de óleo de cozinha coletados por clientes, funcionários e parceiros. Passamos a oferecer um produto mais sustentável e com preço 20% menor para o consumidor. Ser sustentável é ser viável economicamente - disse Feres, acrescentando que a companhia aposta na construção de lojas ecoeficientes, com consumo menor de energia (-30%) e água (-40%).
Há algumas semanas, o Walmart Brasil lançou um programa de rastreabilidade que permite aos clientes identificar a procedência de produtos adquiridos na rede. A carne de marca própria é o primeiro item rastreado. Em breve, hortigranjeiros farão parte do processo.
- A ideia é mostrar ao consumidor a origem do produto, que não pode, por exemplo, ser de um fornecedor que faça uso de trabalho escravo - disse o executivo. - Já chegamos a suspender um fornecedor que detinha 70% do mercado porque fazia uso de trabalho escravo.
A redução de impacto ambiental inclui ainda óleo de soja, água mineral, esponja e band-aid / Divulgação
O Walmart não está sozinho na cruzada verde. O Grupo Pão de Açúcar investiu, ano passado, cerca de R$ 60 milhões em iniciativas para a promoção do consumo consciente e da gestão sustentável, além de programas sociais e voltados para a qualidade de vida. Desde 2001, a companhia já arrecadou mais de 38 mil toneladas de materiais recicláveis. Em 2009 foram inauguradas 11 estações de reciclagem. No último ano, foram arrecadadas mais de 7 mil toneladas que foram doadas para cooperativas promovendo a inclusão social e a geração de renda. Em 2010 já são mais de 4 mil toneladas arrecadadas. Também foram coletados mais de 450 mil litros de óleo de cozinha que foram destinados para a produção de biocombustível.
Zona Sul terá em 2011 primeira loja verde
Já o Zona Sul promete para o segundo semestre de 2011 a inauguração na Barra de sua primeira loja verde. A unidade usará materiais certificados, como madeira controlada ou de demolição. O investimento será 30% maior que as unidades tradicionais, no entanto, estima-se uma redução de custos fixos em torno de 20% a 25%. De janeiro a agosto, houve redução média de 40% no volume de lixo gerado. (Jornal O Globo - 15/10/2010)

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