domingo, 11 de janeiro de 2009

Ação imediata

Boa parte da poluição que axfixia a Baía de Guanabara tem origem em 55 rios que nela deságuam. Cerca de 80 toneladas de lixo flutuante são carreadas diariamente ao longo dos leitos, ao passo que as ecobarreiras e os barcos usados para conter os dejetos só conseguem retirar por dia 7 toneladas de resíduos. Essa disparidade entre a dimensão dos agravos ambientais e a ineficiência dos dispositivos de proteção dá a medida da gravidade da degradação da área. O retrato da dissecação não deixa dúvidas quanto à responsabilidade pela poluição: no curso das águas, misturam-se evidências da deseducação da população, que faz dos leitos depósitos de lixo, e sinais indiscutíveis da leniência do poder público, que não pune abusos e não protege a hidrografia das agressões. Os agravos que banham a Baía beiram o absurdo. Em alguns casos, a água que sai limpa da nascente não chega a percorrer 300 metros até apresentar os primeiros sinais de deteriorização. E nem se pode dizer que os ataques são cometidos fora da linha de vigilância de órgãos de defesa do meio ambiente: o Rio Roncador, por exemplo, carreia sua imundície por quatro unidades de preservação ambiental do estado. Que a Baía está doente, é fato. Não é menos verdade que salvá-la exige a adoção de um grande projeto de despoluição. Mas cuidados pontuais, entre os quais se inclui a proteção da bacia hidrográfica em torno dela, com programas de educação ambiental da população e intervenções técnicas do poder público, podem e devem ser adotados imediatamente, para que a degradação não seja irreversível. (texto adaptado do JORNAL O GLOBO, Rio de Janeiro, 2008).

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