Lembra-se da estória dos ratos que, dado a
ameaça de um novo gato que despontou na região, decidiram que a solução
definitiva do problema seria colocar uma sineta no pescoço do gato? Devem
lembrar, também, do desfecho: o plano infalível não deu certo, pois ninguém se
ofereceu, entre os ratos, para colocar a sineta no gato.
Reflitam um pouco em relação ao espaço histórico entre
a Conferência de Estocolmo e a Rio+20. Qualquer semelhança deve ser motivo de
uma saudável e profunda reflexão.
Na realidade, ao longo do caminho, um conflito
explícito ou não de inevitáveis interesses econômicos, entre os países
desenvolvidos – que não querem parar de crescer – e os emergentes (que precisam
crescer).
Em relação a Rio+20, entre novas frases recheadas de
velhos temas, fica evidente uma mudança de paradigma: a necessidade da
sociedade – não apenas os iniciados no assunto – ser inserida na discussão e
decisões relativas ao cenário ambiental, local e global.
O conceito do Desenvolvimento Sustentado – foco
simultâneo da análise das variáveis econômicas, sociais e ambientais - agora
passa a incorporar (não apenas na concepção, mas na prática) a necessidade de
levar em conta o que a sociedade (quarto ponto de enfoque) “percebe”, “deseja”
e “está disposta a pagar” quando se procura aplicar o princípio do
Desenvolvimento Sustentado.
Da velha geometria sabemos que por três pontos não
alinhados – focos econômico, ambiental e social - passa sempre um, e somente
um, plano. As coisas mudam quanto aparece um quarto ponto – sociedade - onde,
por consequência, necessariamente, não há um plano único que atenda aos quatro
pontos.
A procura da Sustentabilidade é a conciliação dos
muitos planos, tendo como pano de fundo a percepção ambiental, social e
econômica da sociedade.
Para alguns pode parecer que a mudança é de pouca
importância; muito pelo contrário, se efetivamente adotada irá gerar condições
mais favoráveis, decorrentes da pressão da sociedade consciente, frente ao
segmento político, agente que comanda todo o processo.
Claro que não será uma mudança brusca, uma vez que a
sociedade precisa reconhecer o seu papel neste processo e, sobretudo, procurar
se preparar para ocupar seu espaço de participação nas decisões.
Será a sociedade que irá pagar a conta que terá de ser
assumida na solução da problemática ambiental que vivenciamos. Isso, pois esta
mesma sociedade ainda não se apercebeu que já está pagando a conta (sem
saber) da fase de procura de quem irá “colocar a sineta no gato”.
Concluindo: com a participação da sociedade será
possível afastar o gato e não apenas colocar a “sineta no pescoço do gato”.
Alguém tem dúvida disso?
Roosevelt
S. Fernandes, M. Sc.
Conselheiro
do Conselho de Meio Ambiente da FINDES e do Conselho de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos da FAES, bem como do CONSEMA e CERH e do Fórum Estadual de
Mudanças Climáticas (ES)
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