quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Brasil e as mudanças climáticas


Segundo dados recentes, nosso país reduziu suas emissões de carbono em aproximadamente 30%. Isto se deve principalmente à queda do desmatamento que vem ocorrendo desde 2004. Foram destruídos 4.656 km2 de floresta entre agosto de 2011 e julho de 2012, o volume mais baixo da série histórica que é medida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) desde 1988. Entretanto, este dado não fará parte do Inventário Nacional de Emissões  que considera apenas o que foi emitido em 2010 por cinco setores: uso da terra e florestas, energia, agricultura e pecuária, tratamento de resíduos e indústria.

Até hoje o Brasil produziu somente dois inventários de emissões. O 1º deles foi lançado em 1995 e divulgava os dados das emissões referentes ao ano de 1990 e o 2ª saiu em 2010, com as informações de 2005. Não temos a obrigação de emitir relatórios anuais, pois não fazemos parte do Protocolo de Kyoto por não sermos considerados um país desenvolvido. Estes, que fazem parte do Anexo I, elaboram seus relatórios anualmente. Apesar disso, o Brasil deveria dar o exemplo e produzir seus relatórios todos os anos, até para que possamos ter dados mais atualizados que nos ajudem a enfrentar o problema das mudanças climáticas.

Em 1990, emitimos 1,4 bilhão de toneladas de CO2 equivalente. A palavra equivalente significa que todos os outros gases de efeito estufa – CH4 (metano), N2O (óxido nitroso), por exemplo – estão incluídos na conta e foram convertidos para um número equivalente de CO2. Em 2005, nossas emissões subiram cerca de 60%, colocando o Brasil na lista dos 10 maiores emissores de carbono do planeta.

O gargalo das emissões em quase todos os países é o setor energético, cujas matrizes provêm principalmente de combustíveis fósseis: petróleo, carvão e gás. No nosso caso, a matriz é mais limpa porque é hídrica. Vejam os dados do nosso relatório de emissões de 2005 abaixo:

• 61%: desmatamento;
• 19%: agropecuária;
• 15%: energia;
• 3%: indústria;
• 2%: tratamento de resíduos e saneamento.

Com a redução do desmatamento nos últimos anos, certamente esta configuração irá mudar. Em 2005 foram destruídos 19 mil km2 de florestas; já em 2010 este índice caiu para 7 mil km2. Desta forma, o desmatamento passaria a ficar em terceiro lugar, sendo ultrapassado pela agropecuária e pela energia que tendem a crescer.

O Brasil se propôs a reduzir voluntariamente suas emissões em cerca de 36,1 a 38,9%, com ano base em 2005, durante a COP 15 em Copenhague. Com a redução do desmatamento, esta meta torna-se viável de ser alcançada. Contudo, a partir de 2020 entrará em vigor a Plataforma de Durban, que, apesar de ainda precisar ser detalhada até 2015, estabelecerá metas de redução de emissões para todas as nações. O Brasil já se comprometeu em participar com metas mais agressivas, porém há ainda muito que melhorar.

É preciso rever a questão do saneamento básico, pois o próprio nome já diz – básico – ou seja, era um problema que já deveria ter sido resolvido há muito tempo; propor uma solução para a pecuária e para a monocultura de exportação, que utilizam áreas imensas de florestas, provocando o desmatamento; melhorar o setor energético com incentivos fiscais e estímulo às pesquisas em alternativas renováveis; colocar em prática a Política Nacional dos Resíduos Sólidos; melhorar (muito!) a mobilidade urbana, oferecendo transportes coletivos de qualidade para todos e, por fim, investir em educação ambiental para que as pessoas se conscientizem cada vez mais de todos estes problemas, mas principalmente, que elas tenham a capacidade de relacionar a questão do consumo com tudo isso. É urgente e preciso o engajamento de todos os cidadãos nestas questões para que possamos fazer a nossa parte e cobrar das autoridades um maior comprometimento. Mas para que isso aconteça, urge a disseminação da educação ambiental e da informação para que a população possa relacionar que os extremos climáticos, a perda da biodiversidade e a questão do lixo estão intimamente ligados aos nossos hábitos de consumo. Não basta apenas reciclar ou reutilizar os resíduos, embora isto seja extremamente importante. O que é primordial é a redução do consumo! O consumismo está acabando com os recursos naturais! A utilização desenfreada de combustíveis fósseis está aumentando as emissões de gases de efeito estufa e intensificando os efeitos do aquecimento global! Comunicar, informar, educar! A disseminação da educação ambiental se faz extremamente necessária neste período de crise em que estamos vivendo! É urgente a mudança de valores e atitudes por parte de todos!!!

Dados extraídos do artigo "Brasil reduz emissões de CO2", de Agostinho Vieira, colunista do Jornal O Globo - dez/12).

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