domingo, 1 de dezembro de 2013














Diz-se que se há alguém em quem colocar a culpa, então não há problema. Sob este aspecto, a CoP19, que se encerrou na noite de sábado, 23 de novembro (24 horas depois do prazo oficial), foi bem sucedida: todos os países tem algum outro a quem culpar.

Os países em desenvolvimento podem manter sua versão de que as nações desenvolvidas não querem colocar dinheiro na mesa. Pura verdade: o que a CoP19 entregou foram apenas US$ 100 milhões para adaptação e as regras para REDD – que, junto com a aprovação do mecanismo de Perdas e Danos, são as únicas boas notícias da conferência. Sobre os US$ 100 bilhões ao ano até 2020, prometidos em Copenhague, nada se avançou.
Os países desenvolvidos, por sua vez, poderão justificar a seus cidadãos que a conferência não avançou por causa das nações em desenvolvimento, que hesitam diante da perspectiva de assumir compromissos e metas obrigatórias de redução nas emissões.
E todos, desenvolvidos e em desenvolvimento, ocidentais e orientais, norte e sul, poderão apontar o dedo para a Polônia, que vexatoriamente conduziu a CoP19 para o fracasso. Do ostensivo lobby de grandes poluidores à tentativa de aproximação com a indústria do carvão, passando pela constrangedora demissão do presidente da conferência de seu cargo no ministério de meio ambiente, a Polônia fez de tudo para que estas duas semanas de negociação resultassem em pouco, muito pouco.
Considerando-se que a CoP19 falhou também na missão de entregar um plano claro de trabalho para os próximos anos e que os documentos que embasarão as futuras negociações estão recheados de termos vagos, será preciso um esforço enorme das próximas presidências – Peru, em 2014, e França, em 2015. Talvez então a Polônia possa servir de exemplo e inspiração. Exemplo do que evitar na organização e condução das negociações. Mas inspiração na capacidade de resistência e de superação deste povo. Reerguida das cinzas a partir de seus escombros, Varsóvia hoje integra a lista da UNESCO de Patrimônios da Humanidade. É a esse esforço e senso de urgência que precisaremos recorrer para reconstruir das cinzas e da fuligem do carvão um processo multilateral que efetivamente atenda às necessidades dos cidadãos deste planeta.

Vitae Civilis, novembro de 2013



Posicionamento antes da COP-19 – Parte 1: Nações em desenvolvimento (Carbono Brasil, out/13)
Posicionamento antes da COP-19 – Parte 2: Países industrializados (Carbono Brasil, out/13)
• COP 19: Além da religião: uma união pela raça humana durante a conferência (Envolverde, out/13)
• COP 19: YOUNGO – a voz dos jovens na COP 19 (Envolverde, nov/13)
• COP 19: o planeta nos foi emprestado (Envolverde, nov/13)
• COP 19: o planeta das futuras gerações (Envolverde, nov/13)



"Presidente da mesa, obrigada pelo espaço,
Eu sou Emilia do Brasil e falo em nome da YOUNGO.
Estamos aqui em solidariedade às vítimas do tufão Yolanda e a todos aqueles afetados por mudanças climáticas antropogênicas. Devemos reconhecer que foi a inação e a negligência grosseira a respeito das gerações futuras que permitiu que supertempestades como essa venham ocorrendo.
Eu e o bebê dentro de mim, estamos diante de vocês falando não apenas em nome da juventude, mas em nome das gerações futuras. A UNFCCC existe tanto para ajudar a aliviar as injustiças atuais como para garantir que injustiças futuras não ocorram.
É, portanto, imperativo que o princípio da equidade intergeracional seja central para o texto da ADP. Equidade intergeracional assegura que as futuras gerações tenham acesso às mesmas oportunidades e recursos que a geração atual. Precisamos parar de desconsiderar as gerações futuras na economia das mudanças climáticas.
Precisamos reconhecer que a atmosfera seja de confiança para essas gerações que possuem os mesmos direitos fundamentais. Negligenciar essa necessidade seria demonstrar uma grosseira ignorância do artigo 3.1 da Convenção, que estabelece que “as Partes devem proteger o sistema climático em benefício das gerações presentes e futuras”.
Um antigo ditado diz que “nós não herdamos o mundo de nossos ancestrais, nós os emprestamos de nossas crianças “. Até que finalmente, vocês reconheçam isso e reconheçam o direitos e a voz das futuras gerações, até lá, tudo o que resta é o silêncio. Então, nós dedicamos os próximos momentos para um futuro que está sendo perdido e uma geração que não tem voz nestes corredores."
Por Emília de Mattos Merlini (repórter da Agência Jovem de Notícias)

• Reflexões sobre a COP 19 (Envolverde, nov/13)
TUFÃO HAIYUN que devastou as Filipinas um pouco antes do início da COP 19:
Imagens feitas pelo satélite japonês EUMETSAT em 7/11/13.
Foto tirada no dia 9/11/13 da Agência Espacial Internacional.
Haiyun se aproximando das Filipinas em 7/11/13. Ventos de 280km/h.
Haiyun já nas Filipinas em 8/11/13.
Localização da cidade de Tacloban, a mais atingida pelo super tufão.







"A Conferência do Clima de Varsóvia, que deveria ter sido um passo importante na transição justa para um futuro sustentável, está no caminho certo para entregar praticamente nada. Na verdade, as ações de muitos países ricos aqui em Varsóvia estão minando diretamente a própria UNFCCC, que é um importante processo multilateral que deve ser bem sucedido, se quisermos resolver a crise climática global.

A Conferência de Varsóvia colocou os interesses das indústrias de energia suja sobre a de cidadãos globais.

Organizações e movimentos que representam pessoas de todos os cantos da Terra decidiram que o melhor uso de nosso tempo é retirar-se voluntariamente das negociações sobre o clima de Varsóvia. Em vez disso, agora estamos concentrados na mobilização de pessoas para pressionar nossos governos a assumir a liderança para a ação climática séria."

Manifesto das ONGS antes do término da COP 19




Ouçam o depoimento de André Trigueiro na Rádio CBN sobre a COP-19:





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